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Contagem de Carboidratos e Uso de Bomba de Insulina na Escola, saiba como o Arthur faz

Abaixo a entrevista que fizemos com a Sra. Aureloyse Moreira Maximo Silva, mãe do Arthur (com quase 9 anos de idade). Destaca-se na história dessa família a forma como se organizaram para fazer contagem de carboidratos e usar a bomba de insulina com tranquilidade e parceria da escola. Com isso, têm obtido muito bons resultados, mantendo o controle glicêmico desejado, sem que atrapalhe a rotina do aluno. Vejamos como fazem...

Mark Barone com Aureloyse Maximo e Arthur

1. Quais dificuldades você encontrou na escola quando o Arthur foi diagnosticado?

A maior dificuldade foi sentir segurança de que ele estaria bem longe de mim. Minha vontade era nem deixá-lo ir à escola

Quando o Arthur foi diagnosticado a equipe da escola se colocou à disposição para ajudar em tudo, só que, na pratica, não foi bem assim, pois as informações que tinham eram sobre diabetes tipo 2. Eles não entendiam, por exemplo, porque eu pedia para medir a glicemia. Expliquei sobre os riscos da hipoglicemia, mas enquanto não presenciaram uma, não levaram à sério.

Quando iniciamos a contagem de carboidratos eu ia todos os dias à escola na hora do lanche, para ver o que ele havia comido e aplicar a insulina, pois até os 7 anos e 4 meses ele não se aplicava e só deixava eu aplicar. Quando o Arthur começou a se aplicar, eu enviava o lanche e a professora contava o carboidrato, nessa época ela sempre me ligava para ver se a conta estava certa. Então, ela preparava a caneta com as unidades e o Arthur se aplicava. Só que isso durou apenas 2 meses, pois a escola chamou meu marido, em 2013, e disse que não podia se responsabilizar pelo Arthur, pois não tinham enfermeira.

2. Você teve que procurar outra escola? Como fez?

Na época, não quisemos discutir, suspendemos a insulina da hora do lanche. A consequência foi que as glicemias ficaram horríveis. Além disso, começaram a maltratar meu filho, e em setembro de 2013 ele começou na nova escola.

Escolhi a escola próxima do meu trabalho. Quando falei sobre o diabetes, a coordenadora disse que não haveria nenhum problema. De qualquer forma, achei melhor começar devagar (sem enchê-los de informação de uma só vez, para não assustar), pois tudo era novo e não tinha certeza ainda da boa vontade deles.

Fiz o seguinte ....
Fizemos uma tabela de glicemia e a quantidade de insulina a ser aplicada, antes do lanche e 2,5 horas depois. A professora fazia o teste e dava a caneta pronta para o Arthur se aplicar e foi assim até o fim do ano. No início do ano de 2014 era outra professora. Então, fui falar com ela antes de começarem as aulas. Para a minha surpresa além da professora da sala havia uma assistente que também poderia auxiliar o Arthur. Hoje temos 3 a 4 pessoas na escola que conhecem bem a rotina do Arthur, pois, na ausência de alguém, sempre tem outra pessoa capacitada.

Agendinha onde estão os ítens enviados na lancheira e os ítens consumidos na escola, com os respectivos carboidratos. Uma maneira eficiente de manter a comunicação entre escola e família, garantido o sucesso no controle do Arthur.

Acredito que o que muda de uma escola para outra é a boa vontade das pessoas alí presentes, pois meu filho é respeitado e amado na escola onde está hoje.

3. Qual tipo de terapia insulínica o Arthur usa?

Até fevereiro de 2014 continuamos com a tabela de faixas de glicemia e correção. A partir daí, ele colocou a bomba e os cálculos são feitos pelo equipamento ao introduzir o valor da glicemia e a quantidade de carboidratos.

4. O que o Arthur já faz sozinho e o que ele faz com ajuda ou supervisão?

Sozinho: teste de Glicemia e coloca os dados na Bomba. Antes da bomba ele já aplicava insulina com a caneta sozinho.

Com ajuda/supervisão: contagem de carboidratos e confirmação da dose a ser administrada pela bomba.  

5. O Arhur consome os mesmos alimentos que os colegas na escola?

Sim, no almoço, às 12h30 existem muitas opções e ele escolhe o que vai comer (self-service). No lanche das 9 horas, ele leva lancheira ou pode comprar na cantina como os outros alunos. Se alguém leva algum lanche diferente e oferece pra ele e ele aceita, a professora verifica se tem rotulo e faz a contagem.

6. Ele faz contagem de carboidratos e aplica insulina sempre que se alimenta? A professora ajuda nisso? Como?

Sim, fazemos a contagem e aplicamos insulina sempre que o Arthur se alimenta e, para isso, na escola conto com a ajuda das meninas da cozinha, da professora e da auxiliar.

Informo (anotando numa agendinha) a quantidade de carboidratos nos alimentos que ele leva na lancheira. Então, o Arthur diz o que comeu e a professora ou a auxiliar registra na bomba de insulina (que calcula a necessidade e libera a insulina). 

Arthur fazendo anotações na agenda para contar carboidratos do almoço na escola

Na hora do almoço, a cozinheira coloca no prato do Arthur a comida e conta em número de colheres servidas, e fala para o Arthur (por exemplo: 4 colheres de arroz e 2 colheres de feijão). Ele já sabe, e leva a agendinha ao refeitório e, antes de começar a comer, anota ao lado do nome do alimento o número de colheradas. A professora, que fica no refeitório, observa se ele comeu tudo ou sobrou no prato e auxilia o Arthur a subtrair as colheradas anotadas (caso tenha sobrado). Então, ele leva a agendinha para a professora da classe que conta os carboidratos e registra na bomba de insulina, liberando a insulina.


ALIMENTOS
Carboidratos por porção
Quantidade consumida
Arroz  1 colher de sopa  
5 cho

Feijão colher de sopa
3 cho

Batata Cozida 70 grs
9 cho

Kibe Assado 50 gramas
8 cho

Batata  Soutê colher de sopa
4 cho

Ovo Mexido com Farofa
12 cho

Batata Palha colher de sopa
9 cho

Batata Frita 1 escumadeira
27 cho

Purê 1 colher sopa
5 cho


 * Tabela usada pelo Arthur no almoço, preparada por sua mãe, Aureloyse Maximo.
  
Se acontecer algo diferente, a professora me envia um whatsapp e resolvemos. A professora tem um livrinho de contagem de carboidratos com ela, caso algum alimento diferente apareça.

A glicemia dele tem ficado muito bem controlada assim!

Nos dias de educação física, a professora da sala mede a glicemia e, se for o caso, ele toma um suco antes de ir. Nessa hora, a professora retira a bomba, recolocando depois da aula.

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Destaca-se na entrevista a importância de encontrar uma escola parceira e possibilidade real de, com isso, ter muito sucesso no controle glicêmico da criança durante o período de aulas. Parabéns Aureloyse e Arthur pela dedicação e sucesso sempre a vocês!

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