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No caso do DIABETES, o MEDO MOTIVA?

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Quando as pessoas são diagnosticadas com diabetes surgem preocupações em relação ao futuro. Além de desconhecido até então, o diabetes é associado a diversos mitos e histórias de complicações. Contudo, será que usar essas histórias de complicações resultantes do diabetes, especialmente inadequadamente controlado, é motivador? Foi o que Christel Aprigliano abordou em seu texto. Vejamos abaixo!

São frequentes os pedidos de ajuda de pais e esposas para conseguir ajudar os familiares que não controlam seu diabetes da maneira adequada. Isso os machuca muito! Não raras oportunidades, vemos sugestões em fóruns na internet, como: 

“Leve-o a um hospital, e mostre amputadas. Diga a ele que é isso que vai acontecer se não se cuidar!”

“Leve-o a um centro de diálise, e force-o a falar com as pessoas que passam por diálise. Ele vai descobrir o que acontece se não controlar a glicemia!”

“Mostre-o fotos de feridas que não cicatrizam, e enfatize que ele(a) pode ter! Assuste-o para que se cuide!”

Esse tipo de conselho baseado no medo não é bem aceito pela pessoa com diabetes”, diz a Dra. Nicole Berelos, uma psicóloga clínica, especializada em medicina comportamental.

Dra. Berelos diz que existem dois tipos de suporte: positivo e negativo. O suporte positivo pode ser visto quando pessoas de quem gostamos têm empatia pelos nossos problemas e dão assistência, ou simplesmente nos aceitam sem julgar. Infelizmente, é o suporte negativo que, na maioria das vezes, prevalece. São esses “não devia”, como: “Você não devia comer isso!” ou “Você não devia ter medido a sua glicemia?” que se tornam cada vez mais frequentes. Nessas situações, a Dra. Berelos reforça que a pessoa com diabetes pode ficar com raiva e frustrada, algo que, por si só, tende a aumentar a glicemia”.

Devemos lembrar, ainda, que reforçando tanto as complicações pode-se levar a pessoa com diabetes à falsa impressão de que “uma vez que vou ter complicações, por que me cuidar, então?”.

O entendimento do porquê de uma pessoa com diabetes não medir a glicemia ou não tomar a medicação é o primeiro passo para oferecer apoio. E o que motiva a pessoa a fazer o seu melhor depende diretamente do motivo para que a falha no tratamento tenha acontecido.

Independente da razão, a conversa que você deve ter com o seu ente querido sobre o controle do diabetes dele(a) deveria terminar com uma das seguintes sentenças:

“Diabetes é uma doença difícil de controlar. Apesar de eu não ter diabetes, quero que você saiba que tem o meu apoio. Como posso ajudar você no seu controle?”

“Eu realmente me preocupo com você e sei que diabetes é uma tarefa e tanto. Você poderia me ensinar algo sobre como é viver com diabetes?”

Mesmo que a pessoa não saiba a resposta naquele momento, isso vai abrir uma porta para uma conversa honesta.

Medo não vai ajudar. Dar apoio à pessoa querida, não acusando ou fiscalizando os resultados – ou a falta deles – no monitor de glicemia, é o que ajuda. Começa com uma primeira conversa crucial para lembrar à pessoa com diabetes que você está ali, que se importa com ela, e que você quer apoiá-la. 

Uma pessoa pode não gostar de medir sua glicemia porque tem medo de agulhas, pode não tomar os remédios por medo de “ficar dependente deles”, ou simplesmente pode não conseguir adequar a terapia proposta pelo médico à rotina diária. E, como é possível saber disso sem conversa?

A estratégia do medo, em geral, é compreendida como uma estratégia “unilateral”, centrada na doença, e não na pessoa com diabetes. A ideia é que “amedrontando” a pessoa sinta mais vontade de controlar seu diabetes para evitar as complicações. Porém, essa ideia também parte de um pressuposto um tanto quanto incorreto: o de que a pessoa que amedronta “sabe o que é melhor” para a pessoa com diabetes. O que, mesmo que a pessoa que amedronta seja um profissional de saúde, raramente é verdade, uma vez que a rotina da pessoa com diabetes, seu momento psicológico, o apoio familiar, etc, influenciam muito no controle.

Portanto, saiba que o medo não é motivacional. Invista na conversa, na parceria, e evite estratégias amedrontadoras! 


Tradução, adaptação e comentários de:
Ronaldo J. P. Wieselberg
Young Leader in Diabetes IDF
Jovem Líder em Diabetes ADJ
Acadêmico de Medicina da Santa Casa de São Paulo


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