Pular para o conteúdo principal

Diabético, uma palavra a ser eliminada!


Uma recente pesquisa sobre diabetes tipo 1 no Brasil (Estudo multicêntrico de diabetes tipo 1 no Brasil) têm sido muito comentada, já que conseguiu levantar dados desconhecidos anteriormente. Estes de grande importância para se conhecer sobre as pessoas acometidas por essa disfunção e poder planejar ações de saúde pública que melhorem sua condição de vida e tratamento.

No artigo da próxima semana serão apresentados alguns dos principais dados levantados por essa pesquisa, publicados na Revista Diabetes, da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), em julho de 2012. Neste, focaremos em um resultado muito interessante: 40,6% das pessoas com diabetes tipo 1 não gostam de serem chamadas de diabéticas(os).  Além disso, 25% escondem a doença e 54,1% consideram o diabetes a pior coisa que aconteceu em suas vidas.

Portanto, a questão não está apenas no fato de muitos terem medos relacionados ao diabetes, esconderem a disfunção, ou considerarem o diabetes a pior coisa que aconteceu em suas vidas. A pesquisa aponta para algo que já era de se esperar, que as pessoas não gostam de ser identificadas com o adjetivo relativo à disfunção orgânica que venham a ter. O que fato é que usar o adjetivo relativo a uma disfunção como substantivo para identificar pessoas, não é agradável a ninguém. Imagine se no lugar de usarmos os nomes de batismo passássemos a usar os nomes das disfunções ou doenças infecciosas para identificar as pessoas, alguns seriam os “asmáticos”, outros os “gripados”, os “epiléticos”, os “cancerosos”, os “tetânicos”, os "tuberculosos", os "aidéticos", assim como os “diabéticos”.

A questão, que pode parecer sem importância para alguns, não só desagrada grande parte das pessoas que têm diabetes, como é considerada uma questão de relevância por revistas científicas internacionais. Algumas das revistas científicas mais importantes do mundo, na área de diabetes, incluindo a da Federação Internacional de Diabetes (IDF), Diabetes Research and Clinical Practice (DRCP), a americana Diabetes Care e a européia Diabetologia, não permitem que a palavra diabéticos(as) (diabetics) seja usada como substantivo em suas publicações. A DRCP deixa claro que o termo diabético deve ser substituido por "pessoa com diabetes", por exemplo.

Desse modo, uma reflexão a esse respeito é bem-vinda. Tratar as pessoas com respeito e dignidade também inclui se referir a elas pelo nome e utilizar adjetivos mais elogiosos do que o nome de uma disfunção. E ao ter que se referir a um grupo de pessoas com uma determinada disfunção ou doença infecciosa, substituir o adjetivo por “com ou tem” a disfunção. Portanto, no lugar de “diabético(a)”, utilizar “pessoa(a) com diabetes”, ou “tem diabetes”. Certamente os mais de 40% que admitem se incomodar de serem referidos como diabéticos (como se o diabetes fosse a coisa mais importante que os define), assim como parte dos 25% que escondem o fato de terem diabetes se sentirão mais a vontade e respeitados tendo outros de seus predicados mais valorizados que o fato de terem diabetes e seu nome de batismo utilizado.

Sugestões de substituição:
Você é diabético?   por   Você tem diabetes?
Ele é diabético   por   Ele tem diabetes.
Diabéticos.   por   Pessoas com diabetes.

Leia artigo a esse respeito em inglêshttp://health.usnews.com/health-news/health-wellness/articles/2014/12/10/why-diabetic-is-a-dirty-word

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Falhou a Bomba de Insulina? Saiba o que fazer!

Isabela Calventi Cada vez mais pessoas usam bombas de infusão de insulina , seja por indicação médica, seja por opção própria. As bombas se mostram bastante confiáveis, mas, por serem equipamentos eletrônicos, também podem apresentar alguma falha.  Accu-Chek Combo www.accu-chek.com/microsites/combo/about-insulin-pumping.html Há tanto falhas resultantes do mau uso da bomba quanto aquelas ocasionadas pelo desgaste do equipamento. Algumas delas são fáceis de resolver, outras dependem de assistência do fabricante. O fato é que sempre se deve levar consigo uma seringa ou caneta de aplicação com insulina ultrarrápida , caso a bomba pare de funcionar.  As bombas atuais, quando detectam alguma falha no sistema, geralmente apresentam avisos de erro no visor. Caso isso aconteça com você, consulte o manual ou entre em contato com o fabricante através do 0800 (Medtronic: 0800 773 9200 ou atendimento.diabetes@medtronic.com , Roche/Accu-Chek:  0800 77 20 126).  Medtronic Veo

Você usa a PILHA certa na sua BOMBA de INSULINA?

Por Mark Barone Há muitas dúvidas sobre esse assunto, especialmente em relação à pilha usada nas Bombas de Insulina da empresa Medtronic . Fomos, então, buscar respostas nos sites e Blog internacionais da empresa, além de termos entrado em contato com a gerência da área de diabetes da empresa no Brasil. As principais conclusões encontradas estão abaixo. www.medtronicdiabetes.com/customer-support/device-settings-and-features/utility-settings/battery Use sempre uma moeda para abrir o compartimento da pilha (o uso de facas ou outros materiais pontiagudos pode danificar a bomba). A duração média da pilha é de 1 semana (pode variar dependendo das funções que estiverem ativadas). Muitos relatam que a pilha chega a durar de 2 a 3 semanas, mas a empresa, provavelmente por motivos de segurança (a fim de não superestimar a duração da pilha e, com isso, evitar que o usuário fique sem pilha reserva), informa semana. Tenha sempre pilhas novas em casa e não deixe de leva-las

Cuidando do DIABETES e fazendo VESTIBULAR / ENEM / CONCURSO

Estou aqui para contar um pouco da rotina de quem tem diabetes em meio aos vestibulares. A ideia de ficar muito tempo sentado, pensando, resolvendo questões já é, por si só, incômoda. Somemos a isso o fato de que você não pode usar celular – sequer relógio, em muitos! -, é fiscalizado até quando vai ao banheiro…  É um estresse muito grande! http://educacao.uol.com.br/album/2012/06/25/dez-coisas-que-voce-nao-deve-fazer-enquanto-estiver-estudando.htm#fotoNav=10 Como se já não bastasse, eu, prestando vestibular, tenho diabetes. Então, o cuidado precisa ser ainda maior. Além dos cuidados necessários que todo candidato tem com a prova – além de estudar, separar documentos, lápis, borracha, local de prova… – preciso me  preocupar, também, com a glicemia! Normalmente, as provas dos grandes  vestibulares  – Fuvest, Unicamp, Unifesp, Unesp, ITA, ENEM… – acontecem no horário de almoço de muita gente, e  duram muito tempo – cerca de quatro, cinco horas.  Então, a última coisa que pos