Uma recente pesquisa sobre diabetes tipo 1 no Brasil (Estudo multicêntrico de diabetes tipo 1 no Brasil) têm sido muito comentada, já que
conseguiu levantar dados desconhecidos anteriormente. Estes de grande
importância para se conhecer sobre as pessoas acometidas por essa disfunção e
poder planejar ações de saúde pública que melhorem sua condição de vida e
tratamento.
Entre os dados mais reveladores, está a constatação de que
apenas 15% dessas pessoas estão com a Hemoglobina Glicada (A1C) abaixo de 7%.
Portanto, 85% estão com a glicemia mal controlada, o que aumenta de forma
importante o risco de se desenvolver complicações. Apesar disso, foi
evidenciado que 78,8% têm medo de complicações sérias. E o desenvolvimento de
complicações é, além de uma preocupação pessoal e familiar, algo que afeta de
forma importante o sistema de saúde e cofres públicos. Com o agravamento de
complicações, essas pessoas acabam se aposentando precocemente e o custo de seu
tratamento passa a ser 1,8 vezes maior que o tratamento da pessoa com diabetes
tipo 1 sem complicações.
Quanto ao diagnóstico, a média da idade em que acontece é de
11 anos e, na maioria das vezes, o diagnóstico ainda é feito durante alguma
internação.
Em relação a outras preocupações dessa população,
verificou-se que: 59,9% têm medo de ter hipoglicemia sem apoio; 25% escondem a
doença, relatam falta de apoio e mostram insatisfação com o tratamento; 54,1%
consideram o diabetes a pior coisa que aconteceu em suas vidas; e 40,6% não gostam de ser chamados de diabético.
Portanto, fica bastante evidente que as condições para tratamento (controle) adequado do diabetes tipo 1 no Brasil precisam ser melhoradas urgentemente. Por um lado, o baixo investimento em ações de educação em diabetes para profissionais de saúde, pessoas com diabetes e familiares dificultam a compreensão da importância do bom controle glicêmico e de como atingi-lo. De outro, talvez a complexidade do tratamento, aliada à baixa escolaridade da população também contribuem de forma negativa.
O controle inadequado da glicemia, da maior parte dessa população, certamente se reflete na forma como o diabetes é vivenciado e encarado, refletindo no medo em relação a complicações agudas (como hipoglicemia) e crônicas (como perda da visão, amputações, entre outras).
Assim, a mensagem que fica continua sendo, procure controlar sua glicemia para benefício próprio, e disseminar a informação benefício da sua comunidade local e sociedade como um todo.
Fonte: Moraes, Pablo de. Panorama do Diabetes Tipo 1. Diabetes, A Revista da SBD: 19(03), 2012, pp. 6-7.
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