Pular para o conteúdo principal

Sinto como está minha glicemia! Medir para quê?

Se você tem diabetes, é provável que muitas vezes já tenha dito, “vou comer alguma coisa porque estou ficando com hipo”. Muitas das vezes deve ter acertado sua previsão. Por outro lado, sabemos que a percepção da glicemia é limitada e que fazer o teste para confirmar a percepção pode fazer uma grande diferença. Essas conclusões não são novas, mas vale sempre a pena revisitar achados para que cada um não precise testar consigo mesmo até perceber.
Em artigo publicado em 1991, por Gonder-Frederick e colaboradores, na revista científica Diabetes Care, foi apresentado que tanto as crianças, quanto seus pais cometiam erro ao estimar o valor da glicemia. No estudo foi mostrado que as crianças tendiam a reportar hipoglicemia, quando na verdade estavam com hiperglicemia. Os autores concluem o artigo dizendo que antes de corrigir a glicemia é importante que se faça a medição.

Em um dos Congressos Mundiais de Diabetes, organizado pela Federação Internacional de Diabetes (IDF), houve uma sessão na qual todos os palestrantes tinham diabetes, e podiam contar suas experiências. Nesta, chamou a atenção de todos um jovem cantor norte americano, que relatou sua experiência desde o diagnostico do diabetes. Seu relato foi um exemplo do risco em se tomar decisões baseando-se apenas na percepção da glicemia. Segundo ele, depois de muitos erros por esse motivo, que inclusive o levaram a tomar insulina ultra-rápida, por acreditar estar com hiperglicemia, e só se lembrar de despertar de desmaio horas depois, no chão de seu apartamento, aprendeu a necessidade de se fazer o teste (popularmente conhecido como ponta-de-dedo) com maior frequência, para confirmar as sensações, especialmente antes de tratar hiperglicemias injetando-se insulina.
Apesar de ser muito recomendado que se corrija suspeitas de hipoglicemia mesmo antes de se medir, em especial se o glicosímetro não está em fácil acesso (o que sempre deve estar), a fim de não se correr o risco de a glicemia cair ainda mais, é fundamental que se meça em seguida para poder confirmar. Caso não tenha sido uma hipoglicemia, mas uma hiper (confusão esta muito mais comum do que se imagina), deve-se fazer a correção da hiperglicemia. Mas caso seja confirmada a hipoglicemia, deve-se verificar se a correção (consumo de carboidrato para retornar a glicemia a níveis normais) foi suficiente .


Um outro motivo a se levar em consideração, é o objetivo do tratamento do diabetes. Como se sabe o objetivo é exatamente manter a glicemia, na maior parte do tempo, em valor semelhantes aos de quem não tem diabetes. Com isso pode-se evitar, ou pelo menos adiar bastante, o desenvolvimento de complicações. Mas isso é fácil? Não. Sabemos que não é nada fácil para quem tem diabetes! Mas e então, com o que podemos contar para atingir esse objetivo? Mais uma vez a resposta é: medição da glicemia! Estudos têm mostrado que quanto maior o número de medições diárias da glicemia, melhor o controle do diabetes. E o motivo é bastante óbvio. Se você souber como está sua glicemia com maior frequência, e a corrigir sempre que necessário, mais tempo por dia você passará com a glicemia controlada!

Portanto, a dica é: aproveite a facilidade dos glicosímetros atuais, com resultados em poucos segundo, e lancetadores que tornam a picada praticamente indolor! Com isso, fazendo a ponta-de-dedo e mantendo sua glicemia controlada, você estará investindo no seu presente e seu futuro!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Medindo a glicemia sem precisar furar o dedo

Ainda durante o congresso da Associação Americana de Diabetes (ADA) de 2011 foram apresentados resultados de duas pesquisas muito interessantes, com formas não-invasivas e locais alternativos para se dosar a glicose . GlucoTrack -  www.integrity-app.com/description.html Em um deles a glicose foi dosada de forma indireta através das expiração dos indivíduos . Isto é, a composição do ar exalado por essas pessoas foi analisada e a quantidade de moléculas resultantes da presença de glicose no sangue foi identificada. Com isso, foi possível chegar a valores de glicose muito próximos aos valores da ponta-de-dedo (glicemia capilar) . Apesar de os primeiros resultados terem sido bastante promissores, ainda há desafios a serem superados. Entre eles estão: verificar em número maior de pessoas e em diferentes níveis de glicemia se a precisão se mantém, transformar o analisador da expiração em algo portátil e de fácil utilização, e deixá-lo com custo de aquisição e manutenção tã...

Falhou a Bomba de Insulina? Saiba o que fazer!

Isabela Calventi Cada vez mais pessoas usam bombas de infusão de insulina , seja por indicação médica, seja por opção própria. As bombas se mostram bastante confiáveis, mas, por serem equipamentos eletrônicos, também podem apresentar alguma falha.  Accu-Chek Combo www.accu-chek.com/microsites/combo/about-insulin-pumping.html Há tanto falhas resultantes do mau uso da bomba quanto aquelas ocasionadas pelo desgaste do equipamento. Algumas delas são fáceis de resolver, outras dependem de assistência do fabricante. O fato é que sempre se deve levar consigo uma seringa ou caneta de aplicação com insulina ultrarrápida , caso a bomba pare de funcionar.  As bombas atuais, quando detectam alguma falha no sistema, geralmente apresentam avisos de erro no visor. Caso isso aconteça com você, consulte o manual ou entre em contato com o fabricante através do 0800 (Medtronic: 0800 773 9200 ou atendimento.diabetes@medtronic.com , Roche/Accu-Chek:  0800 77 20 126). ...

Diabetes e Viagem Internacional

Se você está se preparando para uma viagem internacional , não deixe para organizar na última hora o que irá precisar para manter o controle do diabetes durante o tempo que for passar fora. P repare também ítens de segurança e burocráticos que facilitarão sua vida. Saiba como: A maioria das dicas fundamentais podem ser encontradas na seguinte publicação:  Vai viajar? Faças as malas sem esquecer da saúde... Além disso, abaixo separamos alguns documentos e informação que podem ser muito úteis. Modelo de carta de seu médico em inglês , descrevendo que você tem diabetes e que, por isso, tem que estar com todo o material para o controle do diabetes (listado na carta) com você (na bagagem de mão), durante todo o tempo. É fundamental que você tenha esta carta. Ela pode ser requesitada a qualquer momento, em especial em aeroportos. Travel Letter 1   ou Travel Letter 2 Documento  da American Diabetes Association  sobre viagens de avião com diabet...